3 de jun. de 2009

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Ansiedade pode ajudar nos negócios, diz especialista

Para consultor, ser ansioso na medida certa pode transformar desafios em oportunidades.
Sucesso dos grandes líderes está em criar a quantidade suficiente.

(por Robert H. Rosen *)

Ansiedade normalmente é algo que as pessoas tentam evitar. O dicionário a define como “um estado de inquietação, apreensão ou preocupação com o que pode acontecer”. As pessoas que sentem muita ansiedade podem acabar no divã do analista e médicos receitam pílulas para manter esse sentimento afastado.

E mesmo assim, em meu trabalho como consultor de executivos, descobri que na vida corporativa há um lugar para ansiedade, contanto que ela seja compreendida e corretamente gerenciada. Eu entrevistei ou aconselhei 250 executivos de alto escalão em empresas como Procter & Gamble, Toyota, PepsiCo, Hotéis Four Seasons, Ericsson, Samsung e Novartis. Eu vi o efeito positivo da ansiedade sobre essas organizações – intencionalmente ou não. O sucesso dos grandes líderes está em criar a quantidade suficiente de ansiedade – neles mesmos e na organização – para liberar a energia que impulsiona lideranças poderosas, acelera o crescimento e ajuda as empresas a serem bem-sucedidas.

Suficiente?

Eu acabei percebendo que tanto personalidade quanto cultura influenciam o modo como os líderes lidam com mudança e incerteza e ansiedade que vem com elas. Ansiedade na medida certa os torna capazes de aceitar a incerteza e transformar desafios em oportunidades. Ela os impulsiona para que façam mudanças necessárias e significativas dentro deles mesmo e de suas organizações.

O que é ansiedade suficiente? É a quantidade exata que precisamos para responder a mudança, enfrentar um problema difícil ou confiar em algo que ainda não foi comprovado. É o nível certo de energia combinado com a atitude certa que nos permite agir dentro de nossa capacidade máxima. Ansiedade suficiente é um catalisador para o crescimento individual e organizacional.

Compare isso com o excesso de ansiedade, que está envolvida em pensamento negativo e se caracteriza pelo desejo de atacar as mudanças. Isso pode levar a arrogância, medo, erros e baixa moral. Ou compare isso com baixa ansiedade, que está baseada em complacência e crença de que tudo dará certo, sem que haja intervenção. Isso pode resultar numa falha em se confrontar questões mais graves, desempenho medíocre e potencial não atingido.

Tanto o excesso com a pouca ansiedade inibem um desempenho com excelência e levam à deterioração e ao declínio. Sentir a quantidade certa de ansiedade fez com que eu me tornasse um professor e um motivador melhor. Isso me impulsionou a me esforçar além de meus limites para conseguir meu Ph.D. E me capacitou a sair de minha zona de conforto e começar meu próprio negócio. A ansiedade continuamente me desafia para que eu cresça.

E isso me ajudou a orientar executivos seniores enquanto eles lidavam com questões em contínua mutação em um mundo em constante transformação. Como todos os líderes, eu estou constantemente me posicionando para trás e para frente entre excessiva, muito pouca e suficiente ansiedade.

Não faz muito tempo, minha empresa estava trabalhando duro para acompanhar o ritmo de seu forte crescimento. Eu estava sendo chamado para lidar com diversas questões ao mesmo tempo, viajando muito e estava cansado e impaciente em excesso. Mesmo sendo comprometido com liderança saudável, eu estava, sem saber, descontando minha ansiedade em minha equipe. Felizmente, estávamos testando um novo tipo de avaliação de desempenho 360 graus na época. As pessoas me descreveram como “ousado, honesto e um líder forte”. Mas elas também me disseram que eu estava sendo “imprevisível e temperamental” algumas vezes. Elas me ajudaram a perceber que eu não as estava ouvindo muito bem e estava tirando conclusões apressadas.

Para falar a verdade, fiquei surpreso e constrangido pelo feedback, mas grato pela chance de examinar minhas ações. Após uma conversa franca, conseguimos colocar a equipe nos eixos novamente. Reconheci que foi minha resistência ao meu desconforto com os fatores de stress do negócio que havia criado tanta ansiedade dentro de mim. Isso levou a níveis crescentes de tensão e conflito entre a equipe e eu. Ao mesmo tempo, foi minha aceitação de meu desconforto em ouvir o feedback das pessoas que me permitiu ter uma conversa honesta com eles sobre meu desempenho.

Vencer medos

A experiência me ajudou a fazer mudanças positivas na maneira como vejo e lido com as pressões de um negócio em crescimento. Se você alguma vez já ensinou uma criança a andar de bicicleta, sabe tudo sobre gerenciar ansiedade em você mesmo e nas pessoas ao seu redor. Você sabe que depende de você ajudar a criança a vencer o medo. Afinal, você é o adulto. Mas você tem seus próprios medos. Você quer ajudá-lo a se tornar mais independente. Mas e se ele cair? E se ele se machucar? Você vê a hesitação, o medo e a excitação no rosto da criança. Mas ele diz que quer fazer aquilo, então você solta a bicicleta.

Essa é minha idéia de liderança. Sua relação com incerteza e ansiedade tem um profundo efeito em sua vida e na sua habilidade de liderar pessoas por meio de mudanças. Ela molda a maneira como você vê a si mesmo e como vê outros. Ela influencia o modo como você pensa em problemas e toma decisões. E é um fator crucial em como você gerencia desempenho e interage com pessoas. Quando você gerencia essa força poderosa corretamente, você cria ansiedade suficiente dentro e fora de você. Você se torna mais apto a prender, mudar ou navegar num mundo complexo. Você libera vastas quantidades de energia humana. E você lidera pessoas e empresas a níveis de sucesso que elas nunca atingiram antes.

* Robert Hosen é psicólogo e diretor executivo da consultoria Healthy Companies International. Seu livro, 'Just Enough Anxiety' , será publicado em março nos Estados Unidos.

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL242787-9356,00-ANSIEDADE+PODE+AJUDAR+NOS+NEGOCIOS+DIZ+ESPECIALISTA.html

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